"Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô."
Trecho da poesia "Evocação do Recife", de Manuel Bandeira
Esse fim de semana estávamos o poeta e eu escutando algumas músicas, e uma delas relembrou uma peça que ele participou. Na peça, a música era fundo para a poesia que ele recitou.
A poesia é essa que eu citei acima, e particularmente esse trecho foi o que ele recitou para mim.
Chorei no final, porque me lembrei do meu avô. De quando eu era pequena e me divertia com as brincadeiras, balas e doces que ganhava. Das vezes que ele parecia criança fazendo coisa errada quando bebia e fumava escondido. Do bigode sempre aparado pela minha avó. Do choro de emoção ao saber que eu estava na faculdade, e também do choro quando eu dei de presente, 3 dias antes de ele falecer, uma pintura em giz pastel dele e do seu caminhão, que eu tirei de uma foto muito antiga, já amarelada pelo tempo. Morreu dormindo, levado pelo efizema pulmonar...
Meu avô, que ainda hoje é eterno para mim.
Ele pode não estar mais no dia-a-dia, mas nunca deixou meu coração.
A poesia também me fez pensar na eternidade e em sua ambiguidade: nada é eterno, mesmo que viva para sempre.
Eternidade feita de momentos finitos. Tudo está em constante mudança, em constante transformação. A pessoa que você conhece hoje não é a mesma amanhã. O lugar visitado há um mês não será o mesmo daqui a um ano. E ainda assim, em nossa lembrança, será eterno.
Eternidade da infância, ao lembrarmos de coisas vividas. Ela passou, mas a eternidade daquele momento está guardada em nosso coração.
Eternidade do beijo, do amor.
Eternidade do sorriso, do abraço.
Eternidade da comemoração de um acontecimento especial.
Eternidade de passagem, em todos os momentos de nossa vida.
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô."
Trecho da poesia "Evocação do Recife", de Manuel Bandeira
Esse fim de semana estávamos o poeta e eu escutando algumas músicas, e uma delas relembrou uma peça que ele participou. Na peça, a música era fundo para a poesia que ele recitou.
A poesia é essa que eu citei acima, e particularmente esse trecho foi o que ele recitou para mim.
Chorei no final, porque me lembrei do meu avô. De quando eu era pequena e me divertia com as brincadeiras, balas e doces que ganhava. Das vezes que ele parecia criança fazendo coisa errada quando bebia e fumava escondido. Do bigode sempre aparado pela minha avó. Do choro de emoção ao saber que eu estava na faculdade, e também do choro quando eu dei de presente, 3 dias antes de ele falecer, uma pintura em giz pastel dele e do seu caminhão, que eu tirei de uma foto muito antiga, já amarelada pelo tempo. Morreu dormindo, levado pelo efizema pulmonar...
Meu avô, que ainda hoje é eterno para mim.
Ele pode não estar mais no dia-a-dia, mas nunca deixou meu coração.
A poesia também me fez pensar na eternidade e em sua ambiguidade: nada é eterno, mesmo que viva para sempre.
Eternidade feita de momentos finitos. Tudo está em constante mudança, em constante transformação. A pessoa que você conhece hoje não é a mesma amanhã. O lugar visitado há um mês não será o mesmo daqui a um ano. E ainda assim, em nossa lembrança, será eterno.
Eternidade da infância, ao lembrarmos de coisas vividas. Ela passou, mas a eternidade daquele momento está guardada em nosso coração.
Eternidade do beijo, do amor.
Eternidade do sorriso, do abraço.
Eternidade da comemoração de um acontecimento especial.
Eternidade de passagem, em todos os momentos de nossa vida.
2 comentários:
Olá Re,
que bom receber tua visita, adorei. Obrigada.
Re, tua escrita me comoceu, a poesia é bela.
Fiquei a imaginar o desenho em giz pastel, com certeza é belíssimo.
Lembranças sempre vamos levá-las, e junto com ela levamos saudades e aprendizados.
Beijos,
Cris
adorei a lembrança e a descrição!! que bom que gostou do poema!!!
mtos beijos
Postar um comentário