sábado, 11 de setembro de 2010

Amor como sapatos

Estava eu quietinha, lendo o livro "Mulher Perdigueira", de Carpinejar, quando me deparei com uma crônica entitulada: "Manias de uma loja de sapatos". Ele fala sobre a escolha de um sapato entre tantos outros em uma loja, e como muitas vezes não achamos o par que foi desejado na vitrine, e acabamos levando um outro par, mesmo que não seja o dos sonhos. Então ele transpõe essa escolha dos sapatos para as relações afetivas, de uma maneira muito lógica!
Achei o máximo o texto, e vou transcrever um trechinho aqui:

"Carentes, preferimos prender quem não amamos. Ficamos com uma companhia apesar de não amar, para evitarmos a cobrança pelos pés descalços ou porque estamos sozinhos. Esperando o par perfeito enquanto usamos o que encontramos. O que veio na frente. O que tinha no estoque.
Grande parte dos casais é ímpar. Vistosamente formando pares trocados, solteiros, improvisados."

Não é boa a comparação? Quantas vezes, por medo de ficarmos sozinhos, não aceitamos uma relação? Não é que não gostamos da pessoa que está ao nosso lado, mas não a amamos. O perigo de se acomodar em uma relação onde não há amor é iludir o outro. Cuidado com as ações, e mais cuidado ainda com as palavras. Amor não se declara da boca pra fora. É necessário falar com o coração, com o mais profundo suspiro e o mais corajoso dos olhares. Falar "eu te amo" todos os dias não é sentir o amor, mas sim tentar se convencer da mentira que se conta para o outro. Quem ama demonstra nos mais pequenos gestos, não precisa preparar discurso nem exige plateia.

Um comentário:

Wesley Pereira disse...

Esse texto é sensacional. Saí de uma relação impar depois de abrir os olhos por ele.