terça-feira, 20 de setembro de 2011

Matrizes sem matizes


De tantas mulheres que me fizeram
Não quis seguir nenhuma
E quanto mais eu fugia
Mais delas eu encontrava.
Duas viúvas, outra casada
Três frustradas, conformadas na inconformação
Sem marido por velhice
Sem marido por doença
Com marido sem paixão
Compaixão pelos outros
Compadecem de si mesmas
Padecem sem paraíso
Isoladas
Ela chora o que pode e o que não pode,  e não chora o que deve
Fuma para se masculinizar, mas filhos não a deixaram sumir com o útero
Quer ser mãe de todos, mas não é mulher de si mesma
Seguem a rotina de geração
Sem ação que lhes tire o chão
E nessa roda-viva minha vida se fazia
Mas surgiu a tangente
Para que eu me tornasse outra gente
E o chão se desfez para que eu me fizesse
Não dos calos delas todas
Nem dos cacos de mim mesma
Mas das matizes dos sentimentos
Que surgem em minha tela
Para ser eu, não elas.
Ser minha própria aquarela

2 comentários:

el TON disse...

Você está cada vez melhor! Ainda terei o prazer de ir na noite de autógrafos do primeiro livro teu!
parabéns querida

Anônimo disse...

UAU!!!
Essa foi profunda!!!
Quantos não tentam viver nossas vidas por nós?
Julgam-nos infelizes e tentam nos dizer o que, como e com quem devemos fazer as coisas...
Quantas mulheres, homens, desconecidos, e até pensamentos soturnos não nos "assaltam" com essa msm intenção?
Sensacional a poesia!!!
Tb quero ir na sua noite de autografos!!!