quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Quando a razão se deixa sentir

Trabalho demais para pensar menos em mim. Sobre mim.
Os sentimentos assustam-se com o trabalho, e não tentam se mostrar.
O que aconteceria se eles surgissem? Não seria mais minha.
Seria essência, uma explosão descabida, que não caberia em mim.
Deixaria de ser só eu - seria EU toda.
Isso dá medo. Mas a alma tem seus truques para se mostrar. No berço da racionalidade, duas janelas do mundo escorrem-se molhadas.
A lágrima que escorre é o mais tímido dos sentimentos, e ao mesmo tempo a desbravadora do mundo. Ela dá a cara a tapa, arrisca-se para mostrar que o peito não é de pedra. A lágrima é o sinal da fragilidade, a brecha que a razão abre para os sentidos. Ela é o ditado: "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura".
É nela que o corpo se desfaz para se recompor. Re-compor a música, a dança, a escrita, a fala. Recriar os balanços, os laços, encantos, abraços. Retirar o cansaço, como bagaço de fruta.
Uma gota do peito que sai pelos olhos, para levar a tristeza para longe. Deixe-a escorrer, segurar choro não adianta. É necessário a gota para regar o jardim. Mas choro demais mata as flores.
Difícil dosar o tamanho da chuva que deve cair, e por quanto tempo ela deve durar.

Um comentário:

Wesley Pereira disse...

a lágrima é o sangue da alma (autor desconhecido)