quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Conto

Fuçando em meus arquivos do computador, li um conto que escrevi em 2006. Resolvi postá-lo aqui. Segue o conto, e depois a explicação.
Fim de semana

Estava quieto no meu canto, não queria papo com ninguém. Corri muito no dia anterior, não parei o dia inteiro. Viajei durante horas, em um espaço apertado dentro do carro, e com o sol na minha cola durante toda a viagem. Chegando, estava morrendo de sede, pois não levei comigo nem um pouco de água, além da fome que sentia, já que o café da manhã havia sido há muito tempo.
Mas o cansaço era maior. Do jeito que deitei, fiquei. Dormi durante muito tempo, refazendo-me da longa viagem. Então, ouço um barulho – “finalmente comida!”- pensei. Comi como se nunca houvesse comido na vida... depois me arrependi de ter comido tão rápido – conversei com meu estômago o dia inteiro... mas não adianta lamentar – o que está feito, está feito. Então, deitei, e dormi novamente.
Acordei pela manhã ainda cansado, com a sensação de que não havia dormido nada, apesar de saber que dormi a noite inteira. Espreguicei-me e levantei. Saí para dar umas voltas por aí. Depois de um tempo senti fome, e resolvi comer um pouco. Mas aquele cansaço não passava! Achei melhor deitar mais um pouco, quem sabe eu melhorava?
Fiquei quieto, sem dar bola para ninguém, curtindo meu cantinho tão aconchegante. Foi então que meu pesadelo começou. Do nada, começo a ouvir passos apressados e gritos, que não sabia de onde vinham, e nem o motivo de tanta algazarra. De repente, dois seres que eu nunca havia visto antes aparecem na minha frente, gritando sei-lá-o-que sem parar, deixando-me cada vez mais nervoso! “Socorro!!!” - queria gritar, mas simplesmente não conseguia!!!!
Agarraram-me, mas consegui escapar. Pena que foi por pouco tempo... as portas estavam fechadas, e eu me via em um beco sem saída. Corria, mas até quando? “Daqui a pouco eles me pegam”- pensei. Batata! Quando vi, um estava em uma ponta do lugar e o outro na outra. E eu no meio, sem saber o que fazer. Como eles eram bem maiores que eu, tentei correr e passar por baixo das pernas daquele que me parecia mais lento e, que, não sei por qual motivo, parecia encantado comigo. Consegui vencer a primeira etapa do plano, mas a porta continuava fechada. Batia, batia, mas nada... ninguém para me acudir. Então os gritos recomeçaram. Já não agüentava mais, estava cansado, coração disparado com aquelas coisas me seguindo, e acabei me rendendo. Finalmente aquelas crianças me pegaram no colo. Nem foi tão ruim assim, mas elas me apertavam muito, chegou a machucar. Poxa, posso ser fofinho, ser macio, parecer um bicho de pelúcia, mas não sou! Sou um coelho, caramba!!!
Agora, a explicação. Durante uns 6 meses, tive um coelho em um apartamento - sim, loucura total. O danado comeu muitos fios em casa, e era um tanto quanto na dele. Ficava um tempão chamando (ele se chamava RR, abreviação de Roger Rabbit), mas ele não dava nem bola... deitava em um canto da sala, fixava o olhar em um ponto, e ali ficava. Minha mãe falou que ele era altista, de brincadeira, por ele ignorar a gente completamente.
Nessa época eu morava fora, e toda vez que vinha visitar meus pais, trazia RR comigo. Em um fim de semana aqui, duas crianças ficaram encantadas com ele, e o cercaram em um corredor. Ao ver a cena, fiquei imaginando o medo, a angústia, o desespero do coelho, e coloquei minha imaginação no papel.

2 comentários:

tha disse...

falando nisso, não consigo lembrar o q aconteceu com o RR...

Re disse...

Só para esclarecer - depois de 6 meses, comprei um cachorro, um teckel chamado Calvin, e não poderia ficar com um coelho e um cachorro em um apartamento... Então, pedi à veterinária que encontrasse uma casa para o RR, e agora ele mora em uma casa com um quintal grande, e crianças.