É assim, olhando para o horizonte, o limite entre céu e mar,
Que sinto a água vindo.
Passa pelos meus pés, puxa a areia que é meu chão.
Vejo a onda vir, vejo o mar se recolher,
A areia que some dos meus pés faz com que eu me afaste do mar,
Ao mesmo tempo que vejo o mar se afastar de mim.
E isso faz parecer que o tempo passou em séculos,
Quando se passaram alguns segundos,
Onde o mar voltou para seu lugar, e eu me afundei no meu.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Angústia
Coração bêbado, incerto.
Coração aflito.
Gira, catavento do peito.
O medo aparece como vento.
Nem por isso deve o vento ser eleito monstro.
Coração catavento gira num sopro.
Que o giro remexa, mas nunca tire seu eixo.
Coração, acalme-se, que o vento vai embora.
Coração aflito.
Gira, catavento do peito.
O medo aparece como vento.
Nem por isso deve o vento ser eleito monstro.
Coração catavento gira num sopro.
Que o giro remexa, mas nunca tire seu eixo.
Coração, acalme-se, que o vento vai embora.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Poesia
"Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô."
Trecho da poesia "Evocação do Recife", de Manuel Bandeira
Esse fim de semana estávamos o poeta e eu escutando algumas músicas, e uma delas relembrou uma peça que ele participou. Na peça, a música era fundo para a poesia que ele recitou.
A poesia é essa que eu citei acima, e particularmente esse trecho foi o que ele recitou para mim.
Chorei no final, porque me lembrei do meu avô. De quando eu era pequena e me divertia com as brincadeiras, balas e doces que ganhava. Das vezes que ele parecia criança fazendo coisa errada quando bebia e fumava escondido. Do bigode sempre aparado pela minha avó. Do choro de emoção ao saber que eu estava na faculdade, e também do choro quando eu dei de presente, 3 dias antes de ele falecer, uma pintura em giz pastel dele e do seu caminhão, que eu tirei de uma foto muito antiga, já amarelada pelo tempo. Morreu dormindo, levado pelo efizema pulmonar...
Meu avô, que ainda hoje é eterno para mim.
Ele pode não estar mais no dia-a-dia, mas nunca deixou meu coração.
A poesia também me fez pensar na eternidade e em sua ambiguidade: nada é eterno, mesmo que viva para sempre.
Eternidade feita de momentos finitos. Tudo está em constante mudança, em constante transformação. A pessoa que você conhece hoje não é a mesma amanhã. O lugar visitado há um mês não será o mesmo daqui a um ano. E ainda assim, em nossa lembrança, será eterno.
Eternidade da infância, ao lembrarmos de coisas vividas. Ela passou, mas a eternidade daquele momento está guardada em nosso coração.
Eternidade do beijo, do amor.
Eternidade do sorriso, do abraço.
Eternidade da comemoração de um acontecimento especial.
Eternidade de passagem, em todos os momentos de nossa vida.
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô."
Trecho da poesia "Evocação do Recife", de Manuel Bandeira
Esse fim de semana estávamos o poeta e eu escutando algumas músicas, e uma delas relembrou uma peça que ele participou. Na peça, a música era fundo para a poesia que ele recitou.
A poesia é essa que eu citei acima, e particularmente esse trecho foi o que ele recitou para mim.
Chorei no final, porque me lembrei do meu avô. De quando eu era pequena e me divertia com as brincadeiras, balas e doces que ganhava. Das vezes que ele parecia criança fazendo coisa errada quando bebia e fumava escondido. Do bigode sempre aparado pela minha avó. Do choro de emoção ao saber que eu estava na faculdade, e também do choro quando eu dei de presente, 3 dias antes de ele falecer, uma pintura em giz pastel dele e do seu caminhão, que eu tirei de uma foto muito antiga, já amarelada pelo tempo. Morreu dormindo, levado pelo efizema pulmonar...
Meu avô, que ainda hoje é eterno para mim.
Ele pode não estar mais no dia-a-dia, mas nunca deixou meu coração.
A poesia também me fez pensar na eternidade e em sua ambiguidade: nada é eterno, mesmo que viva para sempre.
Eternidade feita de momentos finitos. Tudo está em constante mudança, em constante transformação. A pessoa que você conhece hoje não é a mesma amanhã. O lugar visitado há um mês não será o mesmo daqui a um ano. E ainda assim, em nossa lembrança, será eterno.
Eternidade da infância, ao lembrarmos de coisas vividas. Ela passou, mas a eternidade daquele momento está guardada em nosso coração.
Eternidade do beijo, do amor.
Eternidade do sorriso, do abraço.
Eternidade da comemoração de um acontecimento especial.
Eternidade de passagem, em todos os momentos de nossa vida.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Sentimento estranho
Hoje foi um dia estranho...
Não aconteceu nada demais. Aliás, foi normal como sempre - acordei, tomei iogurte, troquei de roupa e fui para o escritório. O trabalho estava tranquilo (revisão de projeto).
Mas um sentimento me acompanhou o dia todo. Um certo aperto no coração e um frio na barriga.
Não sei explicar isso, só sei que senti.
Talez ainda um pouco de reflexo da noite de sexta.
Talvez saudade do poeta que eu não vi no fim de semana (bem, saudade com certeza eu estou, mas não sei se ela é a responsável por esse sentimento de hoje).
Talvez apenas uma angústia inexplicável que assombra a mente humana de vez em quando.
Talvez medo do desconhecido.
Não sei...
Não aconteceu nada demais. Aliás, foi normal como sempre - acordei, tomei iogurte, troquei de roupa e fui para o escritório. O trabalho estava tranquilo (revisão de projeto).
Mas um sentimento me acompanhou o dia todo. Um certo aperto no coração e um frio na barriga.
Não sei explicar isso, só sei que senti.
Talez ainda um pouco de reflexo da noite de sexta.
Talvez saudade do poeta que eu não vi no fim de semana (bem, saudade com certeza eu estou, mas não sei se ela é a responsável por esse sentimento de hoje).
Talvez apenas uma angústia inexplicável que assombra a mente humana de vez em quando.
Talvez medo do desconhecido.
Não sei...
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