quinta-feira, 21 de abril de 2011

Roda-viva

Acabei de ver um video chamado: Vida Maria, e pensei em alguns versos:

E na vida seca do sertão
Engole-se, à seco, a solidão
Secura de sentimento
Em gotas de esperança
Evaporadas ainda criança
Na roda-viva do sertão.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Fazer por Prazer

Eis que minha psicóloga pergunta: "Por que você faz francês, Re?" E eu, com meus argumentos, respondo: "Porque eu gosto, acho que quando estudamos um idioma, nunca estudamos apenas isso. Estudamos também história, geografia, outras culturas, e até mesmo a nossa própria língua. Enriquecemos nossa visão, percebemos um novo mundo, um encontro dos vocábulos, suas origens, suas derivações, suas riquezas." E continuei a descorrer minhas sandices verborrágicas. Falei por mais de meia hora, e então ela resume: "Então você faz por prazer? Faz por você, sem nenhum interesse a mais - viajar, fazer um curso, etc?", ao que respondo: "Sim, por puro prazer. Claro que pretendo viajar novamente, mas não faço o curso pensando nisso."
E então pensei que, pela primeira vez, ao perguntar "por que você faz isso?", a pessoa se satisfaria com uma simples resposta: "porque eu gosto, pelo meu prazer." E só. Mais nada. Estamos tão acostumados a justificar nossas escolhas, nossos gostos, como se prazer não fosse razão forte o suficiente para fazer alguma coisa. Temos que nos munir com uma verdadeira artilharia de motivos.
Escrevi a frase: "Pq vc faz francês? - Pq eu gosto. Tá, mas por qual motivo?" num site de relacionamentos, e recebi alguns comentários. Um disse:
"Pior que isso é: O que você faz?
- Eu faço mestrado, tenho bolsa...
- Tá, mas você trabalha?"
O outro falou:
"Pior ainda: O que vc faz?
biologia...
Ah...legal..... ..... ......"
E um outro comentou:
"Na verdade o pior é:
- O que vc faz?
- Sou músico...
Tá,ok ! Mas o que vc faz de verdade além disso?"
Pesquisador, biólogo, músico não são profissões? Não exigem dedicação, esforço, empenho? As pessoas tem uma incrível capacidade de tabelar as coisas, como se elas fizessem parte de dois grupos: trabalho ou hobby. Se você pensa assim, é porque há algo muito errado com o que você faz. Trabalhar com o que se gosta é a melhor coisa do mundo, digo isso por experiência própria. Assim como fazer um curso sem ter algum outro interesse que não o de se divertir, dar um presente a você mesmo, ganhar conhecimento apenas porque conhecimento nunca é demais, isso também é possível e, mais que isso, a melhor razão que há para se fazer alguma coisa.
Mas, se você se formou em biologia, começou o mestrado e parou para virar músico, cuidado. Você nunca escapará de se justificar...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Noite

A noite da pele
Com sorrisos de pérolas
Estrelas do céu de chão batido
De suor moído
Vieram em velas
Rezaram em velas
Choraram histórias velhas
Deixadas em outras terras


Poema feito ao olhar alguns trabalhos de Ulysses, postado no post: Noite.

Partido Alto

Essa semana, durante umas discussões de projeto, o chefe veio com a dúvida: "Dá pra fazer. Não dá? Dá? Não dá?"e, na hora, pensei num trecho de música, e cantei: "Diz que deu, diz que dá, diz que Deus dará". Pois bem, segue a letra da música Partido Alto, de´Chico Buarque, na voz de Ney Matogrosso.

Diz que deu, diz que dá
Diz que Deus dará
Não vou duvidar, ô nega
E se Deus não dá
Como é que vai ficar, ô nega
Diz que deu, diz que dá
E se Deus negar, ô nega
Eu vou me indignar, e chega!
Deus dará, Deus dará!

Deus é um cara gozador, adora brincadeira
Pois pra me jogar no mundo, tinha um mundo inteiro
Mas achou muito engraçado me botar cabreiro
Na barriga da miséria, eu nasci brasileiro
Eu sou do Rio de Janeiro!

Deus me fez um cara fraco, desdentado e feio
Pele e osso, simplesmente, quase sem recheio
Mas se alguém me desafia e bota a mãe no meio
Eu dou pernada a três por quatro, e nem me despenteio
Que eu já tô de saco cheio!

Deus me deu mão de veludo pra fazer carícia
Deus me deu muitas saudades e muita preguiça
Deus me deu pernas compridas e muita malícia
Pra correr atrás de bola e fugir da polícia
Um dia ainda sou notícia!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Perfeição

A música da vez é do Legião Urbana.

Vamos celebrar a estupidez humana

A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade.
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e seqüestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão.
Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso - com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção.
Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera -
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição
Cansada das falsas harmonias
Das autoritárias hierarquias
Das repentinas euforias
Das tristes alegrias
Da vida em alegorias

domingo, 10 de abril de 2011

Violência urbana

Hoje aconteceu uma coisa muito chata. Meu pai deixou o carro estacionado na frente de casa. Um tempo depois precisou sair e, ao entrar no carro, viu que a parte da frente estava mexida, e que o player do carro foi roubado. Isso é revoltante! Você trabalha, trabalha, trabalha, para conseguir um dinheiro suado e comprar suas coisas, e então vem um merdinha e leva embora.
Semana passada um cara sequestrou uma moça em um supermercado do centro da cidade e a levou para um motel. Ela conseguiu escapar e chamar a polícia, mas o cara conseguiu fugir. Dias depois, ele foi preso no estacionamento do shopping, quando tentou abordar uma outra moça.
Isso sem contar os vários assaltos que a gente vê cada vez mais frequentes.
Não há mais sossego em lugar algum! E na semana passada ainda tivemos o horror naquela escola do Rio, totalmente sem propósito. Um louco resolve que a vida dele é uma bosta, mata crianças inocentes, e depois se mata.
A sociedade está vivendo uma época de guerra. Não há mais cortesia, nem gentileza, porque você pode ser assaltado, sequestrado, morto. Parar para ajudar alguém que está com o pneu do carro furado? Nem pensar! Dar carona a alguém? Você está louco! Parar para dar informação a quem está perdido? Nada disso!
Não temos mais respeito, mas desprezo. Não sentimos mais compaixão, mas medo. Como dizer que estamos em evolução, se o que presenciamos é uma série de absurdos? Antes éramos animais na selva de pedra. Hoje somos animais num zoológico, onde mocinhos e bandidos veem o sol nascer quadrado.

RIO

Hoje à tarde fui com uma amiga ao cinema assistir à animação: RIO. Logo que chegamos o hall já estava cheio. Compramos os ingressos, ela comprou pipoca e fomos para a fila. A sala abriu, todos entraram, as luzes se apagaram e o filme começou. Junto com o filme, a chuva. E a queda de energia. Em dez minutos de filme, além das luzes, a tela se apagou. Tudo bem, nada grave. Em cinco minutinhos o filme voltou. Dei boas risadas, foi um bom divertimento. Mas tenho uma crítica.
A história gira em torno de uma arara azul em extinção que não sabe voar e o contrabando de aves exóticas. A arara macho, que foi contrabandiada quando era filhote, e foi criada por uma menina com muito amor e carinho nos EUA, vem para o Brasil, acompanhado da dona, para acasalar com uma arara fêmea, na tentativa de preservar a espécie. Mas, as coisas dão errado, e as aves são raptadas por um menino favelado, que. sem saber qual seria o destino delas, entrega-as a um traficante. Então, a dona e o biólogo começam uma busca às araras.
Como qualquer animação, tem fantasia, imaginação, e é assim que tem que ser. Os diálogos são bem engraçados, e garantem risada o filme todo. Mas, fiquei um pouco decepcionada com os clichês; tudo aquilo que é tido como Brasil: samba e futebol (faltou mulheres, mas há uma mulata logo no começo do filme e uma bunda na praia) está presente no filme. Aliás, ele já começa com os pássaros sambando.
O resumo que tive do Brasil: lindas paisagens, um Rio de Janeiro cercado por montanhas sem favelas, um pobre menino que rouba porque não tem outra perspectiva na vida, traficantes e assaltos a turistas. Acho que, por se tratar de um filme feito por uma equipe na qual faz parte um brasileiro, esperava uma visão um pouco menos óbvia e medíocre que fazem do Brasil.

sábado, 9 de abril de 2011

O Discurso do Rei

Essa semana fui assistir a O Discurso do Rei, filme baseado na história do rei George VI. Gago desde os 4 anos de idade, fez os mais diversos tratamentos, com os vários médicos, mas nada adiantou. Até que um dia, Elizabeth, sua mulher, procura um terapeuta da voz - Lionel Logue, que usa métodos nada convencionais, e começa a tratar George. Ao começar o tratamento, George se depara com uma situação complicada - seu pai morre, e quem assume o trono é seu irmão, que mete os pés pelas mãos. Então, ele se vê obrigado a ocupar o trono, e a driblar sua gagueira.
As atuações de Colin Firth (George VI) e de Geoffrey Rush (Lionel) estão fantásticas!!! Até parece mesmo que Colin é gago! As cenas são engraçadíssimas. Um ótimo filme!
Quanto ao Oscar... não sei se daria a esse filme. Acho que Cisne Negro merecia mais.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Reações

Reagir
Ao perigo
Redigir
O pedido
Reproduzir
O indivíduo
Reconduzir
O perdido
Reconhecer
O desconhecido
Refazer
O sentido

domingo, 3 de abril de 2011

Ausência

A lembrança não basta. Quero a presença.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Diga-me: para que mexer com quem está quieto?