quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Borboleta

Não lembro do tempo de larva. Quando dei por mim, já era borboleta. Mas, exatamente quando a borboleta deveria bater asas, eu recolhi as minhas. Aos poucos fui me encasulando, até me sentir totalmente amarrada, num casulo de medos que eu mesma teci. Mas a natureza é sábia, e essa não era a ordem natural das coisas. Minhas asas se perderam, e minha consciência se achou. Aos poucos, novas asas foram se formando na alcova de seda, até chegar o dia de sair do casulo. E doeu. Doeu muito rasgar cada fio de seda que me amarrava, que me segurava o voo. No entanto, essa dor era libertadora, muito mais do que eu jamais imaginava que seria. Amadureci enquanto me soltava do casulo - entendi que as asas eram parte de mim, eram meus pés, permitindo-me saltar para onde quer que eu fosse.
Comecei, então, a voar. 
Com calma, entendi que nem todo vento é fatal, que nem toda chuva é devastadora.
Aprendi que não preciso voar o tempo todo, que momentos de descanso são necessários para fazer novos voos. 





esse texto foi fruto da primeira sessão de terapia de 2012, onde foram levantadas questões sobre a Renata do passado e sua influência na Renata do presente.

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