quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

2010

Não sou de fazer balanço de fim de ano, nem desejos para o ano novo. Espero, sim, que o ano que começará seja melhor do que o que está no fim. Mas fazer listas de promessas, mudanças e tudo o mais, isso não faço. Pelo simples motivo de que a mudança, para mim, acontece quando queremos, quando nos sentimos prontos para mudar, ou até mesmo quando menos esperamos, pegando-nos de surpresa. De qualquer forma, ela independe de uma data. A virada do ano é uma marcação de um ciclo, mas não necessariamente do ciclo mais importante pelo qual estou passando. Então, costumo comemorar mais por uma questão de calendário do que por causa de renovação.
Tive um ou outro ciclo que terminou/ começou na virada do ano, mas o que mais me marcou (e que deixou o maior trauma que já tive até hoje) não começou nem terminou na virada de dezembro para janeiro.
Faço mil planos, como qualquer pessoa, e me frustro muitas vezes quando eles não acontecem como eu esperava, como muitas pessoas, mas não os faço para uma época específica. Acho que viajo muito mais longe. Sempre tive algumas certezas na minha vida, algumas delas seguiram exatamente como eu planejei (mesmo que tivessem aparecido umas pedras no caminho) e outras simplesmente fugiram completamente da rota traçada. Nessas horas senti a rasteira que a vida nos passa, para mostrar que ela é quem manda, e ninguém mais. Mas, rasteira dada, o que resta é levantar, mesmo que mancando um pouco, e seguir em frente.
O que tenho para falar de 2000 a 2010? Que é uma década onde aconteceram muitas coisas importantes em minha vida (alegres e tristes). Fiquei maior de idade, entrei na faculdade, formei-me na profissão desejada. Namorei, casei, separei, divorciei, voltei para casa dos meus pais. Consegui um trabalho que amo, e me vi crescer na profissão, fiz novas amizades, permaneci com outras tão queridas. Fiz terapia, parei, agora voltei. Criei um blog, desenhei poesias, pintei presentes. Apaguei alguns sonhos (como doi apagar sonhos), realizei um dos maiores ao conhecer o velho continente, aquarelei novos. Parei o inglês, rascunhei o italiano e comecei francês. Em meio às várias tentativas de conversar os pés no salão, acabei dançando meu ventre.
Em 2010, a água tomou conta da tinta em minha aquarela. Tive apoio para começar a criar meu ninho, tive beijos passarinhos, tropeços descompassados, solidão como companhia, solidez sem garantia. Senti vontade de ter o coração pulsar mais forte, mas ele parece hibernar por tempo indeterminado.
Em minha vida aquarela, quero uma linda paisagem. Sou a mão e o pincel, mas a grande beleza da aquarela é exatamente o fato de a água ser o agente principal. As cores são o resultado da passagem da água pelo papel. Só peço que ela seja gentil, e crie pinturas mais alegres em minha tela.

Um comentário:

Wesley Pereira disse...

Primeiro!
Se recordar é viver, vivamos:
"entre início e fim, há muitos outros pontos
da reta desenhada pela vida
ainda que ela não seja tão reta"

Você vai ter uma linda vida e vai ser uma linda estrela no céu de outro alguém. Isso é tão inevitável quanto sua vontade de aquarelar.

Feliz nova década.
Beijo.